quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Reconhecimento

Um dia o homem acorda, faz um sinal à mulher para se aproximar e diz-lhe ao ouvido:
- Durante todos estes anos estiveste sempre ao meu lado. Quando me licenciei, estavas comigo. Quando a minha empresa faliu, só ficaste tu para me apoiar. Quando perdemos a casa ficaste comigo. E, agora, desde que fiquei com todos estes problemas de saúde, nunca me abandonaste.
E continuou:
- Sabes uma coisa?
Os olhos da mulher encheram-se de lágrimas e comovida sussurrou:
- Diz amor.
- Acho que me dás azar!

Convidados

O Presidente dum grande país ouviu tanto, falar bem dos alentejanos, que decidiu convidar um grupo deles para visitarem o seu país.
Mandou o seu próprio avião buscá-los ao Alentejo e prepararam uma grande recepção no próprio aeroporto presidencial, onde colocaram um grande palanque, com banda, passadeira e cartazes de boas-vindas.
Ao chegar o avião, a banda começa a tocar, os coros a cantar, abre-se a porta do avião, assoma-se a hospedeira e dos ilustres convidados, nada.
O Presidente, ansioso porque eles não desciam, manda o seu secretário indagar da razão.
O secretário regressa, dirigindo-se ao Presidente diz-lhe:
- Senhor Presidente, os alentejanos não querem descer porque têm medo do Well!
- O presidente não percebe nada e diz-lhe:
- Mas afinal quem é o Well?
O secretário regressa ao avião para se inteirar quem é o Well e pergunta a um dos elementos do grupo.
- O Presidente manda perguntar quem é o Well?
E o alentejano responde-lhe:
- Não sei! Mas ali, naquele cartaz diz:
"WELLCOME ALENTEJANOS"

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Provas

O Chefe para o empregado:
- Acreditas na vida depois da morte?
Responde o empregado:
- Claro que não. Não existem provas disso!
EntãO o Chefe diz-lhe:
- Agora existem. Ontem, depois de saíres para o funeral do teu tio, ele veio cá à tua procura!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O BARBEIRO

Certo dia um florista foi ao barbeiro para cortar o cabelo. Após o corte perguntou ao barbeiro o valor do serviço ao que o barbeiro respondeu:
- Não posso aceitar o seu dinheiro porque estou a prestar, esta semana, um serviço comunitário.
O florista ficou feliz e foi embora. No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um ramo com uma dúzia de rosas à porta e uma nota de agradecimento do florista.
Mais tarde, no mesmo dia, veio um padeiro para cortar o cabelo. Após o corte, ao pagar, o barbeiro disse:
- Não posso aceitar seu dinheiro porque estou a prestar um serviço comunitário durante esta semana.
O padeiro ficou feliz e foi embora. No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um cesto com pães e doces à porta e uma nota de agradecimento do padeiro.
Naquele terceiro dia veio um deputado para o corte de cabelo. Novamente, ao pedir para pagar, o barbeiro disse-lhe o que já dissera aos clientes anteriores. O deputado ficou feliz e foi embora.
No dia seguinte, quando o barbeiro veio abrir a sua barbearia, havia uma dúzia de deputados fazendo fila para cortar cabelo.

PALAVRAS SÁBIAS

Quando Deus fez o mundo, para que os homens prosperassem, decidiu dar-lhes apenas duas virtudes. Assim, pediu ao seu anjo-secretário que anotasse a distribuição dessas virtudes pelos diferentes povos:
- Aos suecos, os fez estudiosos e respeitadores da lei.
- Aos ingleses, organizados e pontuais.
- Aos japoneses, trabalhadores e disciplinados.
- Aos italianos, alegres e românticos.
- Aos franceses, cultos e finos.
e por aí fora a todos os povos da terra do séc. XXI.
Quando chegou a vez dos portugueses continuou:
- Aos portugueses, inteligentes, honestos e socialistas.
O anjo anotou, mas logo em seguida, cheio de humildade e de medo, perguntou:
- Senhor, a todos os povos do mundo foram dadas duas virtudes, porém aos portugueses foram dadas três! Isto não os fará superiores em relação aos outros povos da terra?
- Muito bem observado, bom anjo! exclamou o Senhor. Isso é verdade!
- Façamos então uma correcção acrescentando, os portugueses manterão essas três virtudes, mas nenhum deles poderá utilizar mais de duas simultaneamente, como os outros povos! Assim sendo:
O que for socialista e honesto, Não PODE SER INTELIGENTE;
O que for socialista e inteligente, Não PODE SER HONESTO;
E o que for inteligente e honesto, Não PODE SER SOCIALISTA.

Tribunal

Ti Maneli, alentejano de Castro Verde, pensou bem e decidiu que os ferimentos que sofreu num acidente de trânsito eram suficientemente sérios para levar o dono do outro carro ao tribunal. No tribunal, o advogado do réu começou por perguntar ao Ti Maneli:
- O Senhor na altura do acidente não disse "Estou óptimo"?
Ti Maneli responde:
- Bem, eu vou contar o que aconteceu. Eu tinha acabado de colocar minha mula favorita na camioneta
- Eu não pedi detalhes - interrompeu o advogado. Responda somente à questão formulada. E repetiu:
- O Senhor não disse na cena do acidente: "Estou óptimo?"
- Bem, continuando, eu coloquei a mula na camioneta e estava a descer a rua...
O advogado interrompe novamente e diz:
- Meritíssimo, estou a tentar apurar os factos. Logo após o acidente este homem disse ao soldado da GNR que estava bem. Agora, várias semanas após o acidente está a tentar processar o meu cliente e isto não pode ser. Por favor, poderia o Meretíssimo dizer-lhe que deve responder somente à minha pergunta.
Mas, nesta altura, o Juiz mostra-se muito interessado na resposta do Ti Maneli e diz ao advogado:
- Eu quero ouvir a versão completa dele.
Ti Maneli agradece ao Juiz e prossegue:
- Como eu estava dizendo, coloquei a mula na camioneta e estava a descer a rua quando uma "pick up" passou o o sinal vermelho e bateu num lado da minha camioneta. Eu fui lançado fora do carro, para um lado da rua e a mula foi lançada para o outro lado. Eu fiquei muito ferido e mal me podia mexer, mas conseguia ouvir a mula zurrando e grunhindo e, pelo barulho, percebi que estaria muito ferida. Em seguida chegou o soldado da GNR. Ele ouviu a mula a fazer tamanha algazarra e foi ver como ela estava. Depois de ter olhado bem para a mula, abanou a cabeça, pegou na pistola e deu-lhe três tiros. Depois, atravessou a estrada com a arma na mão, olhou para mim e disse:
- A sua mula estava muito mal e tive que a abater. E o senhor, como é que se está a sentir?
- Aí eu pensei bem e disse: "Eu? Estou óptimo! Ia dizer que estava mal, não?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

“Estamos a assistir a roubo de direitos e dinheiro que as pessoas pagaram”

Diário Económico com Lusa - 18/11/10

Boaventura Sousa Santos considera que a entrada do FMI em Portugal seria "uma desgraça". O sociólogo Boaventura Sousa Santos alertou hoje que o combate à crise financeira vai levar à confrontação social. "Esta política convida à confrontação social. Estamos a assistir a roubo de direitos, a roubo de dinheiro que as pessoas pagaram. Quando se fazem cortes nas pensões, o dinheiro não é do Estado. Em grande parte, foi dinheiro que as pessoas investiram nas suas pensões", salientou, Boaventura Sousa Santos, em declarações à Lusa.
Na sua óptica, "se as pensões não são garantidas isso é furto, é uma ilegalidade, e as pessoas sentem isso".
"O mesmo se passa quando os direitos laborais não são respeitados", frisou Boaventura de Sousa Santos, referindo que nos EUA, onde actualmente se encontra a leccionar numa universidade, se fala em "furto de salários".
São as horas extraordinárias que não são pagas, as declarações de falência e "os últimos cheques que nunca são pagos", os subsídios de férias que não são pagos, enumerou, acrescentando que isso mesmo acontece em Portugal, de "direitos ajustados legalmente que os patrões não cumprem".
Boaventura de Sousa Santos entende que a confrontação social vai intensificar-se, lembrando os confrontos em Londres e em França, e vaticinando que outros países vão seguir-se.
"Portugal não pode ser excepção. Se as medidas acordadas neste Orçamento não puderem ser suficientes, e elas já são graves, é de esperar que haja contestação social e confrontação", concluiu.

Na escola

Numa manhã de aulas, a professora pergunta a um aluno:
− Diz-me lá quem escreveu Os Lusíadas?
O aluno, a gaguejar, responde:
− Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui.
E começa a chorar. A professora, furiosa, diz-lhe:
− Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai.
Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa:
− Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu 'Os Lusíadas' e ele respondeu-me que não sabia, que não tinha sido ele.
Diz o pai:
− Bem, ele não costuma ser mentiroso, se diz que não foi ele, é porque não foi. Já se fosse o irmão, a coisa seria diferente.
Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na passagem pelo posto local da G.N.R., diz-lhe o comandante:
− Parece que o dia não lhe correu muito bem!?
− Pois não, imagine que perguntei a um aluno quem escreveu Os Lusíadas e respondeu-me que não sabia, que não foi ele e começou a chorar.
O comandante do posto:
− Não se preocupe Sr.ª Professora, chamamos cá o miúdo, damos-lhe um aperto e vai ver que ele confessa tudo!
Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este:
− Então o dia correu bem?
− Ora, deixa-me cá ver. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu Os Lusíadas. Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar. O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da G.N.R. quer chamá-lo e obrigá-lo a confessar. Que hei-de fazer a isto?
O marido, confortando-a:
− Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras.

sábado, 13 de novembro de 2010

O Príncipe Árabe

Um príncipe da Arábia Saudita foi estudar para a Alemanha.
Um mês depois escreveu uma carta ao pai a dizer :
- Berlim é espectacular, o povo muito simpático e estou a gostar de cá estar mas sinto-me um pouco constrangido por ir para a Universidade no meu Mercedes dourado quando os professores viajam de comboio.
Algum tempo depois recebeu a resposta do pai numa carta com um cheque de um milhão de dólares.
Na carta o pai dizia :
- Pára de nos embaraçares! Compra um comboio para ti também.

O Cliente que não chegava a sê-lo.

Um homem entra no salão de barbearia e pergunta:
- Quanto tempo falta até chegar a minha vez?
O barbeiro olha em volta do salão e responde:
- Mais ou menos 2 horas.
O homem agradece a informação e sai.
Passados alguns dias o mesmo homem volta à barbearia e pergunta, de novo:
- Quanto tempo falta até chegar a minha vez?
O barbeiro olha de novo em volta do seu salão e responde.
- Mais ou menos 3 horas.
Como da vez anterior o homem agradece e sai.
Passados mais alguns dias o mesmo homem entra na barbearia e faz a mesma pergunta:
- Quanto tempo demora até chegar a minha vez?
O barbeiro olha à sua volta e responde:
- Mais ou menos 1 hora e meia.
O homem sai.
O barbeiro intrigadíssimo, com a repetição continuada da cena, vira-se para um seu amigo que se encontrava na barbearia e diz-lhe:
- Ó Paulo, faz-me um favor. Segue aquele fulano e vê para onde ele vai. O fulano sempre que entra aqui, pergunta quanto tempo demora a chegar a sua vez, mas nunca mais volta para ser atendido.
O Paulo que também ficou curioso segue o pretenso cliente. Alguns minutos depois, regressa ao salão a rir-se desmesuradamente.
O barbeiro boquiaberto pergunta-lhe:
- Então? Onde é que ele vai depois de sair daqui?
O amigo enxuga as lágrimas de tanto rir e responde-lhe:
- O tipo quando sai daqui vai para tua casa!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

No Jardim Zoológico

Uma jovem que terminara as "Novas Oportunidades" recentemente, resolveu visitar o Jardim Zoológico. Ao chegar perto da jaula do leão, viu uma placa que dizia «CUIDADO COM O LEÃO».
Mais à frente, outra jaula, e outra placa com a inscrição «CUIDADO COM O TIGRE».
Continua o seu passeio pelo Zoo e noutra jaula leu «CUIDADO COM O URSO».
Depois chega a uma jaula que está vazia e lê o seguinte letreiro «CUIDADO: TINTA FRESCA»
Desesperada, a jovem corre aos gritos:
- O TINTA FRESCA FUGIU! O TINTA FRESCA FUGIU!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

No psiquiatra

O psiquiatra pergunta à D. Laura:
- Costuma escutar vozes, sem saber quem está a falar ou de onde vêm?
- Sim, costumo!
- E quando é que isso acontece?
- Acontece-me sempre que atendo o telefone!

Janela do computador

Uma senhora entra numa loja de cortinas e diz para o empregado:
- Por favor, eu queria umas cortinas para o monitor do meu computador!
O empregado, espantado, diz:
- Mas, minha senhora, os monitores não necessitam de cortinas.
Responde-lhe a senhora, com ar de espertalhona:
- O seu computador talvez não precise, mas o meu tem o Windows!

Garrafa térmica

Uma loira entra numa loja e vê uma coisa brilhante.
- O que é isoo? - pergunta ela.
- Uma garrafa térmica - responde o vendedor.
- E para que serve? - pergunta ela.
O vendedor explica:
- Estas garrafas mantêm frias as coisas frias e quentes as coisas quentes.
A loira compra a garrafa térmica.
No dia seguinte leva-a para o trabalho. O seu chefe, estranhando esse objecto brilhante, na secretária da rapariga, pergunta:
- O que é?
- Uma garrafa térmica - responde ela.
- E o que faz? - pergunta o chefe.
- Mantém quentes as coisas quentes e frias as coisas frias - responde a
loira.
O chefe, então, pergunta:
- E o que tem dentro?
A loira, satisfeita, diz:
- Duas chávenas de café bem quente e um sumo gelado.

Do Alentejo para o Mundo

Com o devido respeito pelo Alentejo e as suas gentes.
Dois alentejanos encontram-se e diz um para o outro:
- Compadri, onde vai com esse carro de estrume?
Responde o outro:
- É para pôr nos morangos.
Replica o primeiro o primeiro:
- Atão o compadri nunca experimentou pôr natas?

domingo, 7 de novembro de 2010

O ateu

Um ateu passeava num bosque, admirando tudo o que aquele “acidente da evolução” havia criado.
- Mas que árvores majestosas! Que poderosos rios! Que belos animais!"
À medida que caminhava, ao longo do rio, ouvia um ruído nos arbustos atrás de si. Virou-se para olhar e foi, então, que viu um corpulento urso-pardo caminhando na sua direcção. Logo desatou a correr o mais rápido que podia.
Olhou, por cima do ombro e reparou que o urso estava demasiado próximo.
Aumentou a velocidade! Era tanto o seu medo que as lágrimas lhe vieram aos olhos. Foi então que tropeçou e caiu desamparado.
Rolou no chão rapidamente e tentou levantar-se. Só que o urso já estava sobre si, procurando agarrá-lo com a sua forte pata esquerda e, com a outra pata, tentando agredi-lo ferozmente.
Nesse preciso momento, o ateu gritou:
- Oh meu Deus!
Então o tempo parou. O urso ficou sem reação. O bosque mergulhou em silêncio. Até o rio parou de correr. Então uma luz brilhante surgiu entre as árvores e uma Voz vinda do céu disse:
- Tu que negaste a Minha existência durante todos estes anos, que ensinaste a outros que Eu não existia e reduziste a criação a um “acidente cósmico” esperas que Eu te ajude a sair deste apuro? Devo eu esperar que tenhas fé em Mim?
O ateu olhou directamente para a luz e disse:
- Seria, de facto, hipócrita da minha parte, pedir-Te que, de repente, me passes a tratar como um cristão! Mas talvez possas tornar o urso cristão!
- Muito bem – acedeu a Voz. A luz brilhante que permanecera entre as árvores, desapareceu. O rio voltou a correr e os sons da floresta voltaram a ouvir-se.
Então, o urso recolheu as patas, fez uma pausa, baixou a cabeça e falou:
- Senhor, abençoe este alimento que agora vou comer. Ámen.

Seniores

Josefa e Ermelinda, duas senhoras idosas, estavam a tomar o café da manhã numa pastelaria da baixa lisboeta.
Ermelinda notou alguma coisa engraçada na orelha de Josefa e perguntou:
- Josefa, sabe que está com um supositório na sua orelha esquerda?
Josefa aflita retorquiu:
- Eu tenho um supositório na minha orelha?
Então num gesto rápido puxou-o, olhou para ele e disse:
- Ermelinda, estou feliz que tenha visto. Agora acho que já sei onde encontrar o meu aparelho auditivo.

Um portista

No inferno, Saddam Hussein discute calorosamente com Bin Laden, quando chega um repórter e pergunta o que estão discutindo.
Bin Laden responde:
- Estamos a planear mais um atentado.
O repórter espantado pergunta:
- Mais um? Onde?
Saddam responde:
- Vamos lançar uma bomba em Portugal e matar 4 milhões de benfiquistas e 1 portista.
Surpreendido o repórter interroga os dois:
- Mas porquê um portista?
Bin Laden vira-se para Saddam e diz:
- Estás a ver, eu não te disse que ninguém se vai importar com os 4 milhões de benfiquistas!

sábado, 6 de novembro de 2010

Prosperidade

Francisco Louçã:
- Sr. Primeiro Ministro, isto está de tal maneira que até há raparigas licenciadas têm de se prostituir para sobreviver.
O Primeiro Ministro com um sorriso responde:
- Lá está o Sr. Deputado a inverter tudo, o que se passa é que o nosso sistema de ensino esta tão bom, que até as prostitutas hoje são licenciadas!

Máxima do reformado

A minha mulher perguntou-me, com sarcasmo:
- Que pensas fazer hoje?
- Nada - respondi
Diz-me ela:
- Isso foi o que fizeste ontem!
- Sim, eu sei, mas ainda não acabei.

Novas Oportunidades

A ministra da educação foi convidada para participar num piquenique em sua honra, oferecido pelos alunos que completaram o 9º ano.
Quando chegou ao local, estranhou ver um monte enorme de sacos cheios de um pó branco. Dirigiu-se ao rapaz que estava a preparar o churrasco e perguntou:
- O que é que está dentro daqueles sacos?
- É cal, senhora ministra.
- Cal? Mas para quê?
- Eu também não percebi, senhora ministra mas as ordens que recebi foi comprar 102 sacos de cal!
Intrigada, a ministra, dirigiu-se ao responsável pelo piquenique (um antigo aluno seu que conseguiu evoluir tirando uma especialização no programa das novas oportunidades) e perguntou-lhe o que é que pretendia fazer com tanta cal.
Esse seu antigo aluno, espantadíssimo, comentou que não tinha encomendado cal nenhuma. Foram os dois ter com o rapaz que fizera as compras para esclarecerem o assunto.
- Olha lá, quem é que te mandou comprar estes sacos de cal?
- Foste tu, pá! Agora não te lembras? Ainda tenho aqui o papel que escreveste.
E exibiu a lista enorme de compras que lhe tinha sido dada.
O antigo aluno mirou, tornou a mirar e disse:
- Eh pá... mas tu és mesmo burro! Não vês que me esqueci de pôr a cedilha? O que eu queria dizer era Çal! E não eram 102 sacos mas sim 1 ô 2 !

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Cruzeiros para a Reforma

A minha mulher e eu viajávamos num cruzeiro pelo Mediterrâneo a bordo de um transatlântico da empresa Princess.
Durante o jantar observamos uma senhora velhinha sentada perto da varanda do restaurante principal. Notei também que todo o pessoal, a tripulação do barco, empregados de mesa, estavam muito familiarizados com ela.
Perguntei a um empregado de mesa que nos atendia quem era aquela senhora e esperava que respondesse ser ela a dona da empresa de cruzeiros, mas respondeu que não que era uma passageira que estava a bordo nas últimas 4 viagens, ida e volta.
Uma tarde, quando estávamos a saír do restaurante do navio, cruzamos com essa senhora e resolvemos parar para a cumprimentar.
Conversamos um pouco e passado sobre coisas banais e depois perguntei-lhe:
- Pelo que entendi a senhora tem estado neste barco nas últimas 4 viagens.
Ela respondeu-me:
- Sim, é verdade e sabe porquê?
- Calculo que seja por gostar muito do mar e também por ter dinheiro para estas viagens tão belas como dispendiosas - disse-lhe eu
Com um sorriso nos lábios respodeu-me:
- De facto gosto muito de viajar mas estou aqui principalmente porque me sai mais barato que estar num asilo para velhos nos Estados Unidos, que é o meu país. Não ficarei num asilo nunca e de agora em diante viajo nestes cruzeiros até que a morte chegue. O custo médio para se cuidar de um velho nesses asilos é de 200 dólares por dia. Verifiquei no departamento de reservas da linha Princess que posso obter um desconto quando compro os cruzeiros com bastante antecedência e somando o desconto para pessoas sénior, não gasto mais do que 135 dólares por dia. A viagem sai-me, por isso, 65 dólares mais barata. Gasto cerca de 10 dólares por dia em gratificações. Tenho mais de 10 refeições diárias se quero ir aos restaurantes, posso ter o serviço na minha cabine, o que significa dizer que posso ter o café da manhã na cama, todos os dias da semana. O barco tem 3 piscinas, um salão de ginástica, máquinas de lavar e secar roupa grátis, biblioteca, bar, Internet, cafés, cinema, show todas as noites e uma paisagem diferente todos os dias. Ainda tenho direito a pasta de dentes, secador de cabelo, sabonetes e champô grátis. Tratam-me como cliente e não como paciente. Com uma gorjeta extra de 5 dólares, tenho todo o pessoal de serviço a trabalhar para me ajudar. Conheço pessoas novas a cada 7 ou 14 dias. A televisão estragou-se? Necessito de mudar uma lâmpada? Quero que mudem o colchão? Não tem problema. Eles consertam tudo e, ainda, me pedem desculpa pelos inconvenientes. Lavam a roupa de cama e as toalhas todos os dias e não tenho sequer que pedir. Se caio num asilo de velhos e parto a bacia, a única saída é a segurança social. Se cair e me magoar em algum barco da empresa Princess, vão-me acomodar numa suíte de luxo para resto da minha vida.
Agora vou contar-lhes o melhor que há nas empresas Princess. Quero viajar pela América do Sul, Canal do Panamá, Taití, Caribe, Austrália, Mediterrâneo, Nova Zelândia, pelos fjords, pelo rio Nilo, Rio de Janeiro, Ásia? É só mencionar para onde quero ir. A Princess está pronta para me levar. Por isto, meu amigos, não me procurem num asilo para velhos. Viver entre quatro paredes e um jardim como paciente de hospital? No thanks!
E acrescentou, ainda, antes de se sentar numa das espreguiçadeiras do navio:
- Ah! E se eu morrer, atiram-me ao mar sem nenhum custo adicional.




Pra que vou parar de viajar???”

Vale a pena?

Madre Teresa de Calcutá chega ao Céu.
-Tendes fome? - Pergunta Deus.
Madre Teresa acena afirmativamente com a cabeça. Deus prepara para cada um uma sandes de atum de conserva em pão de centeio.
Entretanto, a virtuosa mulher olha lá para baixo e vê os glutões no Inferno a devorarem bifes, lagostas, ameijoas, doces e vinho. No dia seguinte, Deus convida-a para outra refeição. Mais uma vez, o pão de centeio seco com atum de lata.
Mais uma vez, ela vê os do Inferno a regalarem-se com uma verdadeira orgia gastronómica. No dia a seguir, ao ser aberta a terceira lata de atum, Madre Teresa pergunta humildemente:
- Senhor, estou grata por me encontrar aqui Convosco como recompensa pela vida casta, regrada e devotada que levei, mas não compreendo: só comemos pão com atum, enquanto do outro lado comem como reis...
-Ó Teresinha, sejamos realistas - diz Deus com um suspiro - achas que vale a pena cozinhar só para duas pessoas?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

OS NOVOS POBRES

A crise quando chega toca a todos, e eu já não sei se hei-de ter pena dos milhares de homens e mulheres que, por esse país, fora, todos os dias ficam sem emprego se dos infelizes gestores do BCP que, por iniciativa de alguns accionistas, poderão vir a ter o seu ganha-pão drasticamente reduzido em 50%, ou mesmo a ver extintos os por assim dizer postos de trabalho.
A triste notícia vem no DN: o presidente do Conselho Geral e de Supervisão daquele banco arrisca-se a deixar de cobrar 90 000 euros por cada reunião a que se digna estar presente e passar a receber só 45 000; por sua vez, o vice-presidente, que ganha 290 000 anuais, poderá ter que contentar-se com 145 000; e os nove vogais verão o seu salário de miséria (150 000 euros, fora as alcavalas) reduzido a 25% do do presidente. Ou seja, o BCP prepara-se para gerar 11 novos pobres, atirando ainda para o desemprego com um número indeterminado de membros do seu distinto Conselho Superior. Aconselha a prudência que o Banco Alimentar contra a Fome comece a reforçar os "stocks" de caviar e Veuve Clicquot, pois esta gente está habituada a comer bem.

Manuel Pina

Seres decentes

Quando cumpria o seu segundo mandato, Ramalho Eanes viu ser-lhe apresentada pelo Governo uma lei especialmente congeminada contra si.

O texto impedia que o vencimento do Chefe do Estado fosse «acumulado com quaisquer pensões de reforma ou de sobrevivência» públicas que viesse a receber. Sem hesitar, o visado promulgou-o, impedindo-se de auferir a aposentação de militar para a qual descontara durante toda a carreira. O desconforto de tamanha injustiça levou-o, mais tarde, a entregar o caso aos tribunais que, há pouco, se pronunciaram a seu favor. Como consequência, foram-lhe disponibilizadas as importâncias não pagas durante catorze anos, com retroactivos, num total de um milhão e trezentos mil euros. Sem de novo hesitar, o beneficiado decidiu, porém, prescindir do benefício, que o não era pois tratava-se do cumprimento de direitos escamoteados - e não aceitou o dinheiro. Num país dobrado à pedincha, ao suborno, à corrupção, ao embuste, à traficância, à ganância, Ramalho Eanes ergueu-se e, altivo, desferiu uma esplendorosa bofetada de luva branca no videirismo, no arranjismo que o imergem, nos imergem por todos os lados. As pessoas de bem logo o olharam empolgadas: o seu gesto era-lhes uma luz de conforto, de ânimo em altura de extrema pungência cívica, de dolorosíssimo abandono social. Antes dele só Natália Correia havia tido comportamento afim, quando se negou a subscrever um pedido de pensão por mérito intelectual que a secretaria da Cultura (sob a responsabilidade de Pedro Santana Lopes) acordara, ante a difícil situação económica da escritora, atribuir-lhe. «Não, não peço. Se o Estado português entender que a mereço», justificar-se-ia, «agradeço-a e aceito-a. Mas pedi-la, não. Nunca!» O silêncio caído sobre o gesto de Eanes (deveria, pelo seu simbolismo, ter aberto telejornais e primeiras páginas de periódicos) explica-se pela nossa recalcada má consciência que não suporta, de tão hipócrita, o espelho de semelhantes comportamentos. “A política tem de ser feita respeitando uma moral, a moral da responsabilidade e, se possível, a moral da convicção”, dirá. Torna-se indispensável “preservar alguns dos valores de outrora, das utopias de outrora”. Quem o conhece não se surpreende com a sua decisão, pois as questões da honra, da integridade, foram-lhe sempre inamovíveis. Por elas, solitário e inteiro, se empenha, se joga, se acrescenta - acrescentando os outros. “Senti a marginalização e tentei viver”, confidenciará, “fora dela. Reagi como tímido, liderando”. O acto do antigo Presidente («cujo carácter e probidade sobrelevam a calamidade moral que por aí se tornou comum», como escreveu numa das suas notáveis crónicas Baptista-Bastos) ganha repercussões salvíficas da nossa corrompida, pervertida ética. Com a sua atitude, Eanes (que recusara já o bastão de Marechal) preservou um nível de dignidade decisivo para continuarmos a respeitar-nos, a acreditar-nos – condição imprescindível ao futuro dos que persistem em ser decentes.

Crónica de Fernando Dacosta (in Tempo Livre OUT 2008)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A pressão das reformas

Em 2009, a Segurança Social e a Caixa Geral de Aposentações (que paga as reformas dos funcionários públicos) gastaram mais 1,1 mil milhões de euros com o pagamento de pensões de aposentação aos portugueses face a 2008.


Num ano em que o País ficou mais pobre, o esforço para pagamento de reformas aumentou a um ritmo superior a 3 milhões de euros por dia. A tendência é de aumento da despesa nos próximos anos, graças ao envelhecimento da população e ao facto de a Segurança Social servir de almofada na crise e muitas pessoas com descontos suficientes entrarem na reforma antecipada, apesar das penalizações, para fugir a uma situação de desemprego.

O agravamento das despesas da reforma e os compromissos assumidos pelo Estado – quer directamente com os seus funcionários quer indirectamente, através da Segurança Social – são uma dívida para o futuro que aumentará a pressão sobre as suas frágeis contas. Por isso, não há alternativas ao esforço de equilíbrio das contas públicas, porque, a continuarem os défices excessivos nos próximos anos, a dívida pública chegará a 120% do PIB em 2013. Com os juros tendencialmente mais elevados e um prémio de risco para Portugal mais caro, o Estado arrisca-se em poucos anos a não ter dinheiro para honrar todos os seus compromissos.

Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto in CM de 22/1/2010
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Esta notícia merece um comentário. A forma como se apresenta dá a ideia que os reformados (sobretudo os da Administração Pública, que passaram a esta condição legalmente, ainda que com penalizações) são um peso para a sociedade. Todos eles, no entanto, trabalharam dezenas de anos (mais de trinta, na esmagadora maioria dos casos) e fizeram os descontos que lhes impuseram no início da carreira. Muitas das regras foram alteradas nestes últimos anos e os aposentados sofreram na pele as consequências dessas alterações, que em nada os beneficiaram. Muitos viram defraudadas as expectativas de se reformarem com menos de sessenta e cinco anos e, portanto, ainda a tempo de fazerem alguma coisa que o horário de trabalho os impedia de fazerem. Viajar, dedicar mais tempo à família, a actividades de índole cultural, etc. Para muitos a falta de estímulo que se instalou entre os funcionários públicos, com o aparecimento de pequenos poderes que se foram instalando e destruindo o clima de incentivo à prossecução dos objectivos que cada um tinha em vista. transformou-se na avidez pela saída do sistema fosse a que preço fosse. Preocupados com o rumo dos acontecimentos, mas sem capacidade para aguentar injustiças evidentes que foram surgindo. Promoções congeladas, avaliações sujeitas a "numerus clausus", enfim um sem número de atitudes desgastantes para quem "deu o litro" ao logo de décadas. Causa surpresa tantos pedidos de reforma? Só a quem for inocente.
As reformas são para muitos douradas. É um número razoável que tem de reforma valores consideráveis. Os que se dedicaram à política estão como querem. Reformas acumuladas com outros poleiros. Eram estes casos que deveriam ser referidos até à exaustão nas páginas dos jornais. Mas não, as causas de todos males são as reformas todas, incluindo as mínimas, que atiram Portugal para o caos. O saque e a delapidação do património passa quase incólume e quando é badalado é por pouco tempo. Percebo porquê.

Aluguer de contadores de Água, luz e gás acaba dia 26 Maio

Os consumidores vão deixar de pagar os alugueres de contadores de água, luz ou gás a partir de 26 de Maio próximo. Nesta data entra também em vigor a proibição de cobrança bimestral ou trimestral destes serviços, segundo um diploma que foi ontem publicado na edição do Diário da República.
A factura de todos aqueles serviços públicos vai ser obrigatoriamente enviada mensalmente, evitando o acumular de dois ou três meses de facturação, indica a Lei 12/2008, ontem publicada no boletim oficial e que altera um diploma de 1996 sobre os 'serviços públicos essenciais'.
A nova legislação passa a considerar o telefone fixo também como um serviço essencial e inclui igualmente nesta figura as comunicações móveis e via Internet, além do gás natural, serviços postais, gestão do lixo doméstico e recolha e tratamento dos esgotos. O diploma põe fim à cobrança pelo aluguer dos contadores feita pelas empresas que fazem o abastecimento de água, gás e electricidade.
Também o prazo para a suspensão do fornecimento destes serviços, por falta de pagamento, passa a ser de dez dias após esse incumprimento , mais dois dias do que estava previsto no actual regime. Outra mudança importante é o facto de o diploma abranger igualmente os prestadores privados daqueles serviços, classificando-os como serviço público, independentemente da natureza jurídica da entidade que o presta. Numa reacção à publicação do diploma em causa, 'a Deco congratula-se com estas alterações, há muito reivindicadas', afirmou à agência Lusa Luís Pisco, jurista da associação de defesa do consumidor.
O diploma ontem publicado, para entrar em vigor a 26 de Maio, proíbe também a cobrança aos utentes de qualquer valor pela amortização ou inspecção periódica dos contadores, ou de 'qualquer outra taxa de efeito equivalente'.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Os desacordos do acordo

A política e o sindicalismo ajoelharam perante o altar do comércio dos interesses pequenos e imediatos. É deprimente. O acordo a que o Governo chegou com alguns sindicatos deu lugar a um coro de regozijo pela "pacificação das escolas". Assim falaram governantes, alguns parlamentares, jornalistas, colunistas e sindicalistas. E se tirassem uma semana sabática e fossem às escolas? Veriam a revolta e a estupefacção dos que, respondendo aos apelos dos sindicatos, não entregaram objectivos individuais, não pediram aulas assistidas nem se candidataram às menções de "muito bom" e "excelente" e por isso ficaram para trás. Veriam discórdia a cada canto, desconfiança crescente, raiva pelas injustiças não sanadas e pelo oportunismo premiado, cansaço acumulado, competição malsã nascente, desilusão e desmotivação generalizadas. Chamam a isto pacificação?
Quem ignore os antecedentes do conflito entre os professores e o Governo e leia o acordo conclui que as razões da discórdia se circunscreviam a carreira e salários. E não circunscreviam. Os professores reclamaram contra a degradação do ensino e defenderam a autoridade, a dignidade e a independência intelectual indispensáveis ao exercício sério da sua profissão. Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues instilaram na sociedade uma inveja social contra os professores. Este acordo oferece argumentos a quem queira, maliciosamente, fomentá-la.
Nos extremos das 14 horas de clausura na 5 de Outubro estão dois textos. Um, de partida, anteriormente rejeitado; outro, de chegada, agora celebrado. Li e comparei os dois. Para lá das loas, os factos são estes: ao bom jeito dos burocratas de serviço, foi o preâmbulo o pedaço mais alterado; clarificou-se, a meu ver de forma redundante, que a educação especial fica inclusa nas cláusulas do acordo; os sindicatos subscreveram o atestado de menoridade às instituições de ensino superior, que a prova de ingresso titula, a troco de meia dúzia de indigentes dispensas; a conseguida eleição de três membros para a Comissão de Coordenação da Avaliação (de entre um
grupo que o director nomeia), a promessa de que o ministério promoverá acções de formação concretas (que despreza miseravelmente o direito daqueles que prefeririam acções de formação abstractas) e a nomeação de um representante da direcção regional respectiva para apreciar eventuais recursos de classificação (estou mesmo a ver como o Senhor se vai empenhar na defesa do súbdito) emprestam algum humor ao conservadorismo da coisa; a possibilidade de renúncia a tarefas, por parte dos possuidores de especialização funcional, e a alusão à tendencial formação especializada do relator serviram para disfarçar que mais de três quartos das contrapropostas da Fenprof não foram aceites e para encher a coluna das mudanças, num cenário de quase tudo ficar na mesma (o toque erudito do acordo é-lhe conferido pelo espírito de Falconeri, que lhe subjaz); e o resto é uma complicada teia contabilística de índices, vagas e quotas, que parte significativa dos professores irá descobrindo com esgares amarelos (o cromatismo clássico não se aplica à complexidade desta caldeirada rosa, laranja e vermelha).
A iniquidade, a mediocridade técnica, a burocracia insustentável e a consequente inaplicabilidade de um modelo de classificação do desempenho (é de classificação e não de avaliação que se trata) foram publicamente patentes ao longo de três anos de conflito. Estipula o acordo, já apodado como o mais importante dos últimos 20 anos, pasme-se, mudanças substanciais? Não! Mas o mais pernicioso está agora aceite. Cairá essa excrescência artificial que dividia em duas uma carreira que, pela sua própria natureza, só pode ser única. Mas foram ampliados os estrangulamentos que dela derivavam. A prova de ingresso, classificada sempre (antes e após o acordo, volte-se a pasmar) como algo sem sentido, foi igualmente aceite, repito. E as quotas, que ontem impediam categoricamente qualquer entendimento, foram engolidas sem indigestão. Os professores mais ousados, os que mais se expuseram pessoalmente para defender o que todos reclamavam, foram abandonados, feridos, no campo de batalha. A sua generosidade e o seu exemplo determinantes foram irrelevantes no cotejo com o pragmatismo, que não conhece moral nem ética. Os ciclos de dois anos e as mesmíssimas dimensões da classificação garantem a eternização de uma burocracia impraticável. Um terço dos professores jamais chegará ao topo (não invoquem probabilidades teóricas; por elas eu também posso ganhar o Nobel da paz). A progressão é agora claramente mais lenta que em 2006 e nenhuma simulação teórica o disfarça. A política e o sindicalismo ajoelharam perante o altar do comércio dos interesses pequenos e imediatos. É deprimente como saldo!
Duas notas finais e três perguntas:
O Governo reconheceu, no texto do acordo, que o estatuto e a avaliação em análise desqualificaram a escola pública, são entraves ao cumprimento da missão da escola e remetem para segundo plano o trabalho com os alunos (se lerem com atenção, verão que está lá). Não é espantoso que, dito isto, os acordantes prossigam no mesmo caminho? Ou ensandeceram?
Mais coisa, menos coisa, dos resultados até agora conhecidos, teremos 700 professores "excelentes", 18.000 "muito bons", 78.000 "bons" e "300" regulares. Foi por isto que se destruiu a harmonia nas escolas e se vilipendiaram os professores?

Santana Castilho

(Professor do ensino superior) - in Público

O Palhaço

O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.
Mário Crespo, in JN 14/12/2009